Escrito por Lucas Silveira.
Em 2013 escrevi os 10 mandamentos do combate armado. Foram 10 importantes conceitos que viralizaram na internet e foram replicados incontáveis vezes.
Faço questão de republicar o artigo original também aqui na Academia Brasileira de Armas, 5 anos depois. Confira:
Não existe jeito fácil. Não existe treinamento que baste. Não existe arma suficientemente boa. O combate armado é sempre extremamente difícil, especialmente diante da letalidade das armas modernas e da imprevisibilidade da reação do seu inimigo. Todavia, algumas regras básicas, quando observadas, permitem ter vantagem em momentos de extrema tensão. Denominamo-os os 10 mandamentos do combate armado. Conheça e pratique cada um deles.
- Faça o que for preciso para sobreviver. Não existe nenhuma lei em vigor durante uma troca de tiros.
- Trapaceie. Iluda, engane, jogue sujo. O único combate desonroso é aquele em que você perde.
- Movimente-se. Nada é mais fácil de acertar que um alvo parado.
- Reduza a silhueta. Alvos pequenos são mais difíceis de serem acertados. Seja pequeno.
- Atire primeiro. Surpreenda.
- Atire melhor. Seja preciso.
- Atire mais vezes. Pulverize.
- Tudo o que vale a pena ser acertado, vale a pena ser acertado duas vezes.
- Proteja-se. Use os abrigos naturais ou artificiais.
- Controle a distância. Quem controla a distância, controla o combate.
Em 2015, eu fiz um pequeno complemento a estes conceitos, no texto intitulado “5 dias para sobreviver à violência urbana”. Replico o texto na íntegra:
Há algum tempo escrevi os 10 mandamentos do combate armado, que se tornou um “viral” contido até mesmo em apostilas de polícias estaduais pelo Brasil.
Nosso objetivo hoje é retroceder um pouco no tempo deste combate hipotético. Que medidas podem ser tomadas para aumentar as chances de sucesso frente à crescente violência urbana?
Vamos enumerar 5 pontos vitais que jamais devem ser subestimados, tanto pelo operador militar ou policial, quanto pelo pai de família que foi ao mercado fazer compras. Confiram.
1. Esteja sempre armado.
2. Trate a todos como se estivessem armados. Toda pessoa que tem uma arma, pode ter duas.
3. Nenhuma ameaça é individual. Nunca assuma que seu inimigo está sozinho.
4. Ataque primeiro. Ataque melhor. Ataque com mais força.
5. Se é impossível combater a agressão com superioridade, recue.
Vamos analisar cada um deles?
1. Esteja sempre armado.
Não basta estar armado, ou estar treinado. É preciso estar SEMPRE armado e SEMPRE com o treinamento em dia. Seu pior conflito ocorrerá no exato momento em que você baixar a guarda e pensar “mas eu vou só até a padaria comprar um sorvete…”.
2. Trate a todos como se estivessem armados. Toda pessoa que tem uma arma, pode ter duas.
Desde os tempos de Sun Tzu, subestimar o inimigo é um erro fatal. Assuma que sua ameaça está bem armada. Trate-a desta forma sempre, mesmo que você tenha razões para acreditar que não seja verdade.
Além disso, o fato de um agressor ter perdido ou entregado uma arma, não significa que ele não possa ter outra.
3. Nenhuma ameaça é individual. Nunca assuma que seu inimigo está sozinho.
A negligência deste ponto é decorrência da chamada visão de túnel ou da exclusão de auditório. Reações fisiológicas fazem com que uma pessoa sob estresse reduza a sua capacidade de ver ou escutar qualquer coisa além da ameaça imediata.
Esta é a razão de se treinar o “scanning” (olhar para os lados) no tiro tático e nos treinamentos de combate desarmado de qualidade, de se evitar a todo custo andar para trás e de se combater um agressor no chão ou em luta agarrada.
Sempre levante-se, olhe para os lados, busque novas ameaças, antes do combate, durante o combate e depois dele, se houver.
4. Ataque primeiro. Ataque melhor. Ataque com mais força.
Confusões quanto a interpretação da legislação sobre legítima defesa ou até mesmo sobre um conceito errado de ética ou moral podem fazer o neófito acreditar que precisa ser efetivamente agredido para poder responder com a força necessária.
Não é verdade. Se o confronto físico é iminente, sua obrigação tática é agir primeiro, inopinadamente e com a violência necessária para impedir o ataque oriundo do inimigo. Surpresa, velocidade e violência da ação. Diligentia, vis, celeritas. Já ouviu isso antes?
5. Se é impossível combater a agressão com superioridade, recue.
Situações de estresse geram no corpo humano a chamada reação de luta, fuga ou congelamento. Tratamos com frequência da luta, mas é importante não subestimar o valor da fuga.
Fugir não é desonroso. Não significa desistir do combate, mas apenas reagrupar esforços para repelir uma agressão de modo inteligente. Apenas aceite um combate se a vitória for significativamente mais provável que a derrota.
O único combate injusto é aquele em que você perde.
Referências:
https://www.defesa.org/os-10-mandamentos-do-combate-armado/ – Acesso em 03 de setembro de 2018, 10:30
https://www.defesa.org/5-dicas-para-sobreviver-a-violencia-urbana/ – Acesso em 03 de setembro de 2018, 10:30