Escrito por Eduardo Azeredo
Quando falo sobre segurança em duas rodas, é no sentido mais amplo da palavra, abordando desde a segurança da pilotagem e trânsito em si, até a violência urbana, com os alarmantes volumes de ocorrências de acidentes e roubos, alguns, infelizmente, levando vários cidadãos de bem à morte. Vamos então falar um pouco mais sobre isso e suas soluções.
Você sabia que a grande maioria dos acidentes de moto são gerados por imperícia, imprudência ou pelos dois juntos? Há alguns anos fiz uma estatística, rodando hospitais e fazendo muitas dezenas de entrevistas com acidentados, cheguei a um número onde 95% dos acidentes relatados eram evitáveis, sendo a grande maioria destes foi gerado pelo próprio motociclista
acidentado. Justamente pelos fatores que falei há pouco.
Posso afirmar que o aprendizado do dia a dia não é o suficiente. Muito pelo contrário. Apenas com a rodagem instintiva e intuitiva natural, assimilamos muitos “vícios” e práticas completamente equivocadas. E o mais assustador é que muito desse “aprendizado” é obtido nas motoescolas. O ensinamento do uso exclusivo do freio traseiro, por exemplo, é quase uma unanimidade nas
motoescolas, e é um dos erros que mais derrubam motociclistas nas ruas. Sim, está errado! A frenagem correta é a chamada “combinada”, usando dianteiro e traseiro simultaneamente, com maior intensidade no dianteiro.
Pilotar com técnica gera segurança e confiança ao motociclista, em todas as suas perspectivas. Se as pessoas tivessem uma preparação técnica efetiva, que no Brasil só é possível fazendo um bom curso, certamente muitas vidas seriam preservadas. Talvez justamente pelo fato de ser instrutor de pilotagem e, por conta disso, acabar pilotando sempre com atenção redobrada e fazendo uso das técnicas mais adequadas de pilotagem, estou há muitos anos sem nenhuma ocorrência de acidente.
Um verdadeiro desafio que tenho tido em todos os anos que venho dando instrução é justamente com alunos que já pilotam há mais tempo. Esses mais “veteranos” tem a sensação de que, como já pilotam há anos, já sabem tudo, já aprenderam rodando, e que não tem mais o que aprender.
Ao final dos cursos, é impressionante como os que se sentem mais recompensados, os que dão os feedbacks mais emocionados, são justamente esses com 5, 10, até mais de 40 anos de motociclismo. O relato é quase padrão, com algo como “Achei que sabia pilotar pra caramba, mas
hoje descobri que não sabia nada!”. É muito gratificante e recompensador ter esse tipo de retorno.
É certeza de estar tirando alguém dessas estatísticas negativas do motociclismo. Agora trazendo um pouco para a questão da violência pública, falando diretamente dos roubos de motos, aí está outra coisa que tem tirado muita gente do motociclismo. Seja por interrupção violenta da vida ou seja pelo abandono do mundo das motos, por pessoas que, justamente para
não sofrerem com assaltos, preferem abrir mão do seu estilo de vida em duas rodas.
Sou parte presente em várias das estatísticas que envolvem violência a motociclistas, especialmente nos últimos 8 anos, atuando como piloto de testes para o Duas Rodas News e outros veículos de comunicação, quando tive um total de 13 tentativas de roubo das motos que eu estava pilotando – a maioria de teste -, sendo 6 em São Paulo, 6 no Rio de Janeiro e 1 na Bahia.
Felizmente consegui ficar de fora das estatísticas graves.
Justamente pensando nisso, no bem estar dos motociclistas, no direito de se proteger, de se defender, de curtir a sua moto e seu passeio, acabei idealizando o hoje chamado curso de Defesa Armada para Motociclistas. Um curso que visa unir todas as ferramentas possíveis para que os motociclistas tenham toda a bagagem necessária para se resguardar desses dois vilões, os
acidentes e os assaltos, contando com aulas de pilotagem, onde o aluno aprende todas as técnicas indispensáveis para dominar efetivamente a sua moto, em todas as circunstâncias, e aulas de defesa, passando todos os conceitos e práticas de que ele precisa tomar conhecimento para otimizar seu potencial de defesa, com e sem o uso da arma de fogo, unindo o máximo de
desempenho em ambas as atividades, aumentando em grandes proporções a sua chance de sucesso e preservação da vida.
Para concluir, podemos notar que todos estamos sujeitos às adversidades que o dia a dia nos impõe, especialmente no Brasil e em uma moto, então já que o ambiente é hostil, que estejamos sempre preparados e prontos para sairmos vitoriosos, nos dando o direito de resguardar nossa vida, liberdade e propriedade.