Se a sua sobrevivência é centrada na sua habilidade de atirar, você é um péssimo estrategista.
A sua capacidade de atirar e acertar o alvo (marksmanship) deve ser treinada rotineiramente, por ser uma ferramente indispensável para a sobrevivência.
A melhoria na execução dos fundamentos do tiro, contudo, pode proporcionar uma armadilha de leitura para os incautos: acreditar que a sua capacidade de tiro deve ser suficiente para centralizar o seu treinamento ou a sua atenção quando do uso da força.
Há muito tempo, o Coronel Jeff Cooper já falava sobre a sua tríade do combate, dividida entre Marksmanship (tiro), Gun handling (Manuseio da arma) e Mindset (Mentalidade), tentando explicar esse conceito aos ingênuos.
Esta linha de raciocínio foi continuamente repetida, aperfeiçoada, reescrita pelos principais doutrinadores desde então, mas todos com um ponto em comum: o tiro é a parte menos importante do combate.
Sem minimizar a importância de se saber usar uma arma, é necessário compreender que o combate deve ser vencido principalmente com o cérebro. Se você estiver fazendo tudo certo na sua vida, você nunca vai precisar efetuar nenhum disparo mas, se precisar, estará apto a acertar os alvos.
Assim como num jogo de Xadrez, não vence quem captura mais peças, mas sim quem consegue cercar o Rei, o foco do combatente deve ser em impedir que seu inimigo lute ao invés de proporcionar um combate cinematográfico e dispendioso.
Procuramos a vantagem tática e, principalmente, boas estratégias, independente do nível de conflito do qual tratamos, seja para enfrentar os crimes urbanos simples, quanto para a guerra entre países.
O seu fuzil é uma ferramenta. A verdadeira arma é o seu cérebro.
Lucas Silveira
Instrutor-chefe da Academia Brasileira de Armas